Lisboa, 29 de Janeiro de 2006

Os invernos de antigamente traziam chuva e frio a Lisboa. Agora, parece que o aquecimento global desceu ao contexto local e amenizou o inverno da capital. Não é vulgar viver-se em Lisboa um Outono tão pouco frio e molhado como tem sido o deste fim de Novembro.
Esta constatação fez recordar ao viajante uma data de há quase três anos, quando cumprindo um ciclo de 50 anos, nevou em Lisboa, como não nevava havia meio século. Era domingo e o dia estava escuro e frio. Os poucos bravos que se atreveram a procurar almoço de fim-de-semana fora de casa rapidamente perceberam que tinham que sair agasalhados. A meio do dia, parecia que a noite chegava.

Sem o esperar, os corajosos que saíram à rua foram brindados, pouco depois das 3 da tarde, por generosos flocos de neve, frios e húmidos, que afagaram risonhas faces domingueiras e rapidamente encharcaram o chão. Ao pousar, desfaziam-se em água, mas na queda suave deixavam no ar a mágica poesia de um fenómeno raro nestas paragens.
Aos mais afoitos ainda ocorreu, aproveitando ser tarde de domingo, sair da cidade e procurar lugares altos, nos arredores, onde a neve pousasse e fizesse cama. Ganharam com isso o prazer de pisar a fofa manta branca, que aos poucos lhes humedeceu os sapatos urbanos.
Meia hora depois tudo tinha passado e as histórias desta tarde de domingo ingressaram no baú das memórias, de onde irão sair, provavelmente, na próxima nevada na capital, lá para 2050
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