O outro Kremlin, Moscovo
Kremlin é um sinistro nome do tempo da guerra-fria, símbolo do mal e da intriga em todos os filmes do agente 007. Agora, que está parcialmente aberto ao público, a sua beleza e magnificência transformaram-no num marco incontornável quando se visita Moscovo, a capital da Federação Russa. As suas catedrais, tão inesperadas como surpreendentes, são jóias magníficas da arte religiosa russa. O actual formato da cidadela (cidadela é o significado, em russo, de ”kremlin”), vem do século XV, altura em que foram construídas as muralhas avermelhadas que a cercam. Aqui se instalou a corte russa e aqui ficou também a sede da Igreja Ortodoxa Russa. O Kremlin foi o coração do poderio dos csares, antes de ser a sede do império soviético. Sem dúvida, esteve à altura das suas funções.
Só as igrejas estão todas visitáveis. A Catedral da Assunção (Uspensky Sobor), construída entre 1475 e 1479, destinou-se a ser a igreja privada dos grandes príncipes de Moscovo e dos Czares da Rússia. Na Catedral do Arcanjo (Arkhangelsky Sobor), do início do século XVIII, estão os restos mortais dos príncipes e dos Czares. Era, aliás aqui que costumavam fazer-se as cerimónias de casamento, coroação e funeral dos czares. Ambas as catedrais estão fantasticamente decoradas. Os topos estão revestidos de incunábulos, em madeira pintada, ornados de prata, como moldura. O resto, as paredes laterais e as altíssimas colunas, estão cobertas de frescos. Ainda é visitável a Catedral da Anunciação (Blagoveshchensky Sobor) e a pequena igreja de Nossa Senhora do Santo (Tserkov Risopolozheniya), destinada a ser a igreja privativa dos patriarcas da igreja ortodoxa.
Entrando no Kremlin, imediatamente o viajante respirou muito poder no ar. Não pode deixar de reparar no grande número de militares a patrulhar todo o sítio, ordenando as zonas de visita. Nem nos luxuosos veículos escuros que constantemente circulam a alta velocidade, não se sabe de onde nem para onde. Talvez de, ou para, algum dos enormíssimos edifícios não visitáveis, com gigantescas fachadas, com que se deparou em cada canto.
A torre sineira de Ivan o Grande (Kolokolnya Ivana Velikogo), construída no século XVI, está encimada, como as catedrais, pelas tradicionais cúpulas douradas, em forma de cebola. É o edifício mais alto do Kremlin, mas apenas pode visitar-se a sala térrea. Nunca foi colocado no seu lugar o célebre sino do Czar (Tsar-kolokol), que foi deixado ao lado, no chão. É, diz-se, o maior sino do mundo, mas nunca chegou a tocar, porque se partiu ainda antes que isso tivesse acontecido. É um objecto monstruoso, construído em 1735. Mede mais de seis metros quer de altura, quer de largura. Pesará, julga-se, 200 toneladas. Não está longe outra peça construída para ser a maior do mundo no seu género: o canhão do Czar (Tsar-Pushka), que mede 5,34 metros de comprimento e pesará 40 toneladas. Também nunca disparou um tiro.
O Kremlin está aberto para visitas todos os dias, com excepção das quintas-feiras, das 10 às 17 horas. O bilhete custa 300 rublos (cerca de 8,5 euros, ao câmbio de Dezembro de 2008). Servem-no várias estações de metro, a melhor forma de transporte em Moscovo, e fica no centro do centro da capital russa.
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