Patagónia, Argentina
Voando da Patagónia para Buenos Aires, durante a noite, o viajante recordouSaint-Exupéry, que em Voo Nocturno descrevia os medos e apreensões daqueles que, em 1931, data da publicação daquele livro, cruzavam pelo ar o deserto da Patagónia, na escuridão. Tal como o principezinho, viu o viajante, de longe em longe, muito de longe em longe, um ou outro pontinho de luz a quebrar a noite. Claro que em 2010, a viagem faz-se confortavelmente, sentado num moderno voo comercial, pilotado por profissionais e monitorizado por atentíssimos computadores. Mas ainda agora, " após cem quilómetros de charnecas mais despovoadas do que o mar, se cruzava com uma herdade perdida ”. Assim é boa parte do percurso, de dois mil quilómetros, do Estreito de Magalhães até Buenos Aires. A Patagónia impressionou o viajante pela permanente cor castanha carregada do deserto estéril. Ainda no relato de Saint-Exupéry, campos “ luminosos, duma luminosidade perene: naquela região, os campos não cessam de espalha