Teotihuican, México


Das aulas de história, na escola secundária, não recorda o viajante qualquer referência às civilizações centro-americanas anteriores à chegada de Cristóvão Colombo à América. Sentiu pois alguma dificuldade em localizar a cultura olmeca, que terá surgido um milénio antes do início da era de Cristo (e se desenvolveu na actual zona de Tabasco e de Vera Cruz, nas costas do golfo do México). Ou a cultura azteca, que ocupou o mesmo espaço daquela, um milénio depois. Ou ainda a civilização maia, que surgiu na península do Iucatão e na Guatemala, na segunda parte do primeiro milénio da nossa era. Custou-lhe algo distinguir e individualizar estas civilizações e etnias, que foram tão diferentes entre elas como o terão sido na Europa a fenícia, da grega ou esta da romana.

Porém, mesmo depois de assimilar todas estas nuances, ainda sentiu perplexidade ao procurar saber o contexto em que surgiu e se desenvolveu a cidade de Teotihuican, que ficou a 45 quilómetros da actual cidade do México. Aliás, a origem da cidade é pouco ou nada conhecida. Terá surgido pelo menos um século antes de Cristo e chegou a atingir os 200 mil habitantes, tendo nessa época palácios, pirâmides e templos. Mas sem se saber porquê, colapsou lá para o século VIII depois de Cristo, altura em que chegaram a estas terras os aztecas.
O nome originário da cidade é também desconhecido, já que aquele que se conhece lhe foi dado pelos aztecas e quererá dizer “lugar onde os deuses são feitos”, por julgarem que foi aqui que os deuses criaram o universo. É talvez isso que explica que os dois mais importantes edifícios da cidade, tal como ela subsiste, sejam as pirâmides do Sol e da Lua. Nas civilizações do México central, ao contrário do que acontecia com a egípcia, as pirâmides não tinham funções tumulares, sendo apenas templos nomeadamente destinados a ritos sacrificiais.
A pirâmide do Sol impressionou o viajante, pela sua gigantesca dimensão. Diz-se ser a terceira maior pirâmide do mundo (sendo a maior a de Quéops, no Egipto e a segunda maior a de Cholula, próximo de Puebla, igualmente no México Central).
A sua base tem 220 metros e atinge 62 metros de altura (o que equivale a um prédio de 22 andares). Na sua construção foram usados três milhões de toneladas de pedras empilhadas, sem uso de ferramentas metálicas ou animais de carga, que por aqui, na época, não se conheciam, sendo certo que também ainda não tinha chegado aqui a invenção da roda.
Subiu o viajante ao topo, não sem algum esforço, mas valeu a pena. Após 248 degraus, chegou à antiga plataforma onde ficava o templo. Daqui avista-se todo o conjunto das ruínas da cidade: a pirâmide da Lua, a norte e o antigo palácio de Quetzalcoatl (que quer dizer, literalmente, serpente emplumada). A uni-los, a calçada dos mortos, ladeada de templos e de palácios, nalguns dos quais ainda é possível ver frescos.
Quanto ao Palácio de Quetzalcoatl, o seu recinto é igualmente visitável e a visita vale a pena, porque ainda se podem ver, numa das suas fachadas, enormes esculturas, em particular de cabeças de serpentes e de jaguares. Este palácio é identificado como sendo a residência do mais importante sacerdote da cidade.

A entrada no recinto das ruínas é paga e a visita supõe andar bastante a pé. Da cidade do México pode vir-se de autocarro. Ou então, com mais conforto, em visitas organizadas (poderão custar 30 €) ou ainda, em alternativa, individualmente, de táxi, que esperará que se faça a visita (poderá custar 100 €).

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