Canary Wharf, Londres

 É engraçado perceber como cada específico local causar sensações únicas, por vezes difíceis de explicar a quem não esteve ali, ou impressões que vão muito para além daquilo que se vê. Não deixa o viajante de se impressionar com esta capacidade que os sítios têm de o impressionar, de uma forma ou outra.
Canary Wharf, nas docas do sueste londrino, construída a partir de destroços industriais, em décadas recentes, nas margens do Tamisa, é um desses locais de impressão muito clara. Essa impressão passa pelos figura dos majestáticos arranha-céus de vidro, sóbrios mas muito imponentes, a recortar o horizonte plano e a dar cor e luz à paisagem. Sentiu o viajante algo de futurismo, de desafio ao tempo que se vive. Mas também opressão pelos edifícios, e pela densidade deles. Nas esquinas das ruas, olhando para cima não se vê o céu: vê-se uma cruz azul, entre paredes espelhadas que sobem vertiginosamente na vertical.

Nesta zona empresarial de Londres há muita gente na rua, a circular ordenada mas apressadamente, sobretudo em horas de entrada ou saída do trabalho. Percebe-se bem que o tempo desta gente vale muito dinheiro.
Mas a opressão é também dos nomes: estão aqui instaladas as sedes dos mais poderosos bancos e outras instituições financeiras do mundo. Sente-se muito poder e grande, embora discretíssima, riqueza. Será talvez aqui que tem mais fiel recriação em versão moderna o já extinto ambiente dos gentlemen, de chapéu de coco, da antiga City. Não há chapéus, nem guarda chuvas, nem The Times, agora substituído pelos jornais gratuitos, distribuídos na entrada do metro.

Canary Wharf fica na parte oriental de Londres, na zona do East Ham. Tem estação de metro e por isso facilíssimo acesso. A visita vale pelo ambiente exterior do bairro. Pode ainda passear-se pelos antigos bairros das docas, em tempos ocupados por armazéns portuário, que agora foram adaptados a trendy casas de habitação.
A linha do skyline é também muito impressiva, sobretudo vista das antigas docas. Do outro lado do rio Tamisa, na margem sul, fica o antigo Millenium Dome, o pavilhão feito para comemorar o início do segundo milénio e que depois da passagem da sua época ficou como sala de concertos, agora com o nome de O2 Arena. Nada longe, para sul, fica Greenwich, a do meridiano e do tempo médio.

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