Mechelen, Bélgica

 De vez em quando, inesperadas curvas da estrada revelam ao viajante pérolas escondidas. Assim aconteceu numa ocasional passagem em Malines (em francês), ou Mechelen (em flamengo), uma pequena cidade a meio caminho entre Bruxelas e Antuérpia. Esta pequena cidade, actualmente de província, já foi, em tempos, capital de todos os Países Baixos e é ainda a sede do arcebispado católico da Bélgica.
 Calhou o viajante chegar a Mechelen de comboio, vindo de Bruxelas (breve percurso de 20 minutos) e ficar desiludido com o aspecto vulgar da zona da gare, bem como com o perfil comum da zona pedonal onde passou a caminho do centro histórico. Mas ao chegar ao Grote Markt, a principal praça da cidade, reconciliou-se com a terra. O Grote Markt é uma praça de piso empedrado, bordejada de casas em estilo hanseático, bem conservadas, algumas das quais com origem no século XVI. Foi essa a altura em que Mechelen era a capital, no tempo da regente Margarida de Áustria, tia daquele que viria a ser o imperador Carlos V, que também aqui cresceu.
Num dos topos do Grote Markt fica a magnífica catedral de Sint Rumbold, com uma altíssima torre sineira e ricas pinturas dos séculos XVII e XVIII – uma das mais conhecidas é uma pintura de Anton Van Dijck, representando Cristo Crucificado, no altar de Santa Ana (óleo sobre tela de 1630). Ficou o viajante muito impressionado com a invulgar altivez da torre.
No outro topo, fica o fantástico palácio gótico tardio e renascença onde actualmente está instalada a sede do município local. A toda a volta da praça há cafés e cervejarias (a cidade tem a sua própria cerveja – a Gouden Carolus –, dita a preferida do imperador Carlos V).
Mechelen foi portanto uma interessante paragem. É uma típica cidade flamenga, muito mais tranquila que Bruges ou Gent e sem as hordas de turistas daquelas. É também muito mais modesta, mas valeu a pena fazer o desvio, pelo agrado do passeio pelas ruas pedonais e pelo conjunto de edifícios antigos, muito bem preservados. Valeu também pela evocação histórica: esta cidade que agora tem apenas cerca de 80 mil habitantes já foi um dos mais importantes centros da arte flamenga – em particular assim foi durante o período do renascimento.

Fica a meio caminho entre Bruxelas e Antuérpia, a uma curta distância de ambas. A viagem de comboio, desde Bruxelas, custa 4 € e há 2 a 3 comboios por hora.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Castelo de Noudar, Barrancos, Portugal

Monsaraz, Alentejo

Da Casa Branca a Cuba, de comboio