As mesquitas de Istambul

Ao contrário de outras grandes nações do mundo islâmico, a Turquia é uma república laica. Não obstante, em Istambul, a maior cidade do país (diz-se que terá 4 a 5 milhões de habitantes, ou 10 a 11 milhões, se se incluírem os subúrbios), por todo o lado a marca do islão é bem visível. Istambul tem centenas de mesquitas, com os seus minaretes muito esguios a marcarem a silhueta do horizonte urbano.
A Turquia é islâmica há mais de cinco séculos e para os muçulmanos a mesquita é o lugar mais importante da cidade – é por isso que as mesquitas são sempre os edifícios mais imponentes de cada aglomerado urbano: são vistas como uma manifestação estética dos crentes, que a erigiram por inspiração divina, claro. As mesquitas são o centro da vida social e religiosa, mas são sobretudo um lugar de oração: deve entrar-se nela purificado (por isso os muçulmanos fazem abluções antes de entrar e também por isso não se pode ali entrar com os sapatos, que consideram sujos, por andarem no chão).
Hoje, como há séculos, os muezzin apelam, desde o alto dos minaretes, várias vezes por dia, à oração. Em tempos, faziam-no de viva voz; actualmente as suas vozes ouvem-se a muito grande distância, difundidas por altifalantes.
A mesquita de Istambul que mais marcou o viajante foi a Mesquita Süleymaniye, edificada por ordem do Sultão Süleyman I, o Magnífico. O seu desenhador foi um grande arquitecto otomano, Mimar Sinan e a construção decorreu entre 1550 e 1557. De alguma forma, parece que pretendeu ser uma espécie de réplica, em tamanho, à então igreja bizantina de Santa Sofia (que foi o maior edifício deixado pelos cristãos à cidade). Esta mesquita incluía, quando foi construída, uma madraça, banhos e um caravansarai (onde o alojamento e alimentação eram dados aos viajantes e seus animais).

Mas também impressionou bastante o viajante a Mesquita Sultan Ahmet, também conhecida pelos guias turísticos como Mesquita Azul, por ter o interior da sua cúpula revestida de azulejos otomanos predominantemente azuis. Diz-se que tem mais de vinte mil azulejos, de setenta padrões diferentes.
É uma mesquita imperial, construída entre 1609 e 1616 por ordem do Sultão Ahmet, que com ela pretendeu deixar para a história um edifício ainda maior e melhor que a Suleymanie. Também por essa razão decidiu que esta nova mesquita fosse construída mesmo em frente da Santa Sofia, uma vez mais para demonstrar a superioridade do Islão sobre a civilização bizantina.
A Santa Sofia, ou Ayasofya, foi originariamente uma igreja cristã – tê-lo-á sido desde o século V da nossa era. Porém, a construção que actualmente existe terá tido origem no século VI. Foi convertida em mesquita no século XV e é apenas um museu, dessacralizado, desde a década de 1930.
Qualquer destes três edifícios constitui um bom exemplar da arquitectura religiosa turca, com várias cúpulas abobadadas e minaretes muito afiados, em forma de lápis. Aliás, já noutras paragens, nos Balcãs, o viajante tinha sido surpreendido, por este chamado modelo turco de mesquita, sobretudo conhecido pela elegância dos seus minaretes.
No caso da Mesquita Süleymaniye e da Mesquita Sultan Ahmet, têm mesmo a particularidade de ostentarem seis minaretes. Esta última foi aliás a primeira do Islão a tê-lo, com excepção da grande mesquita de Meca.

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