Samoa

 
A 3000 mil quilómetros da Nova Zelândia, no Pacífico Sul, as ilhas Samoa são muito isoladas. Por isso, não estão vocacionadas para o moderno turismo de massas. As viagens para aqui são muito caras e longas. Mas nem por isso o país deixa de ter interesse. Nele encontrou o viajante uma das suas melhores e mais profundas experiências. Desde logo, pelo exotismo da paisagem. Apesar de Samoa ter muito menos turistas que outras ilhas do Pacífico, também aqui se repetem abundantemente os clichés habituais, de praias de coqueiros, com areias brancas e águas turquesa.
  Mas esse não foi o único interesse que viu nas ilhas. Surpreendeu o viajante que ainda actualmente a maioria da população viva em aldeias e, dentro delas, em comunidades familiares, de família alargada. Muitas destas famílias vivem ainda em casas tradicionais (a que chamam “fale”), feitas de postes de madeira, com planta oval e cobertas de folhas de coqueiro. Ainda actualmente a maior parte das casas de aldeia não tem paredes (o clima permite-o) e a vida é feita no seu interior, à vista de todos. À noite, ou se fizer muito vento, podem baixar-se cortinas de folhas de coqueiro…
Esta forma de vida é simples, mas muito alegre. Todos os automóveis têm música no máximo, deixando atrás de si uma batida constante. E o mesmo se passa com os alegres autocarros tradicionais, de corres berrantes, de bancos de madeira e sem janelas, que são o transporte público único da ilha.
  Ápia, a capital de Samoa, é uma cidade no campo. Diz-se ter cerca de 30 mil habitantes, que de forma alguma se notam. O ambiente (a origem provinciana do viajante permite-lhe dizer isso) é o de uma relaxada pequena  vila de província. A praça principal, onde até há uma rotunda, é dominada por uma pequenas torre de relógio, onde se ouve a todas as horas a clássica melodia do Big Ben de Londres. Não obstante este toque britânico, a verdade é que a grande marca colonial que Samoa  herdou foi a do curto período em que constituiu um protectorado alemão: sobrevivem ainda muitos edifícios públicos construídos em madeira nessa época.
Da cidade, não se pode dizer ser bonita. Mas é o melhor local das ilhas para observar o castiço da população local – e para esse efeito, o ponto privilegiado é o Maketi Fou, mercado diário de legumes.
  Por aqui passou – e aqui morreu –, Robert Stevenson, o escocês autor de “A ilha do Tesouro”, que veio à procura de bom clima que lhe curasse a tuberculose. A sua fantástica casa, talvez o edifício mais interessante das ilhas, fica a meia dúzia de quilómetros de Ápia e alberga actualmente a sua casa museu. É uma enorme casa colonial, em madeira, construída em 1890, com grandes varandas e jardins impecavelmente tratados.
  Além desta casa museu, a ilha de Upolu, onde fica Ápia, suscita interesse pelas cascatas naturais que vai tendo aqui e ali, sobretudo na época das chuvas, que corresponde ao inverno no hemisfério norte. De resto, o viajante gostou muito das praias. Sobretudo as do leste da ilha de Upolo, onde fica a capital. São soberbas as praias da zona de Aleipata – em particular as praias de Lalumanu e de Saleapaga. Ambas são aldeias pequenas e as suas praias parecem esquecidas. Correspondem ao protótipo da praia deserta – o viajante esteve lá sem que estivesse mais ninguém. Não havia hotéis nem qualquer outra estrutura de apoio. Aliás, em geral, a população local não vai à praia, apesar do fantástico clima – a temperatura do ar nunca baixa de 22 graus (é a mínima, durante a noite…) e raramente sobe dos 36, ao longo de todo o ano.
  No norte da ilha de Upolu há menos praias, embora o mar seja muito tranquilo. Mas desde o tsunami de 2009 que todas elas têm sido guarnecidas com barreiras de pedra, de protecção. O mesmo se passa com uma boa parte da costa de Savaii, a outra ilha de Samoa, que é a maior delas. Apesar destas barreiras, na costa oriental de Savaii, uma que outra das praias ainda têm areia e permite banho.
  Em Savaii, além de cascatas como em Upolu, há outros pontos interessantes de visita. Os locais conduziram o viajante para dois, em particular. Por um lado, para um fantástico campo de lava, que chega a ter 100 metros de espessura e fica em Saleaula, no norte da ilha. Foi o resultado de erupções do vulcão do Monte Matavanu, entre 1905 e 1911, que arrasaram uma boa parte da povoação. Por outro, para umas curiosas furnas, na falésia vulcânica da costa sul, perto de Taga a que chamam “blowholes”. É um fenómeno natural provocado pelo rebentamento das ondas, que entra em buracos no interior da falésia, onde existem galerias verticais. Quando o mar está forte, o rebentamento faz subir por estes algares a água da rebentação que, projectada, chega a atingir 30 metros! É um fenómeno curioso.
  A viagem de Portugal a Samoa é longa e cara. A melhor opção é chegar por via de Auckland, na Nova Zelândia, que por sua vez pode ser atingida em voos directos a partir de Londres. Contanto com as ligações, partindo de Lisboa, não será fácil fazer esta viagem em menos de dois dias.

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