Praça de Tianamen, Pequim

  O nome Tianamen ou, em português, “paz celestial”, faz despertar no viajante a memória de um fleumático manifestante que, sozinho, com um saco de compras na mão, enfrentou um carro de combate e desta forma o exército e o poder político chinês. A história bem conhecida dos protestos a favor da democracia, esmagados pela força militar em Junho de 1989, não conseguiu esbater-se da mente do viajante, quando passou por aquela que é a maior praça do mundo, no coração de Pequim. Mas além desta revolta, a praça foi palco de outros “incidentes” de idêntica natureza, na delicada terminologia chinesa.
  É certo que o local, de passagem obrigatória para quem visita a cidade, está cheiro de pacíficos turistas equipados com máquinas fotográficas e também de vendedores ambulantes. Mas nota-se bem a densidade de agentes policiais fardados. E nestes, apesar de não reagirem quando se lhes tiram fotografias, evidencia-se alguma tensão. Há óbvio receio de novas manifestações: aliás, na entrada da praça o viajante foi revistado e a viu a mochila ter que passar por um túnel de raio-x, como se estivesse num aeroporto. A entrada na zona central da praça é particularmente vigiada e fecha a partir do entardecer, por razões de segurança. Por todo o lado, as câmaras de vigilância e o dispositivo policial não deixam dúvidas sobre o estrito controlo a que o local está sujeito.
  À margem destas tensões, Tianamen é o coração de Pequim. De aqui se medem todas as distâncias a outras cidades – é aqui o quilómetro 0. É gigantesca: tem mais de 800 metros de comprimento e 400 metros de largura e na sua vastíssima calçada cabem milhares de pessoas. Diz-se que no tempo da Revolução Cultural chegaram a realizar-se aqui desfiles com mais de um milhão de pessoas.
No seu topo, a norte, fica a entrada para a cidade proibida (a entrada da Porta do Céu, que dá o nome à praça), onde foi pendurado o mais fotografado retrato de Mao Tsé-Tung. Do outro lado, a sul, fica o mausoléu de Mao, onde está o seu corpo embalsamado. Nas faces laterais ficam dois edifícios mastodônticos, de construção revolucionária, onde não se esconde a clara inspiração soviética: o Museu Nacional de História e da Revolução e do outro a Assembleia Nacional.
  Embora a praça seja muito antiga, o formato que actualmente tem foi concepção do Grande Timoneiro, que queria que este fosse o espelho onde se revia a grandeza e a glória da China e do Partido Comunista. E de certa foram, conseguiu-o: Tianamen é um local de peregrinação de todos os chineses, mais que vigiado e completamente controlado por câmaras de televisão e agentes policiais.

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