El Calafate, Patagónia, Argentina

  Calhou ao viajante passar em El Calafate, a caminho para o glaciar Perito Moreno, no Parque Nacional de Los Glaciares, na Patagónia, no sul da Argentina. Esta desconhecida terriola, com apenas algumas dezenas de anos, surgida quando surgiu o interesse na visita aos glaciares, está em pujante expansão. Não há muito, era apenas um lugarejo – pouco mais que uma quinta, como outras quintas ganadeiras que há na região. Actualmente, há aqui hotéis para todos os gostos e preços, restaurantes, bares, agências de viagens, bancos e imensas lojas, sobretudo de equipamento de montanha e para caminhar.
  O nome da terra é o mesmo de um arbusto baixo e espinhoso que cresce em grande abundância pela estepe e nas encostas das faldas dos Andes. Este arbusto modesto dá flores amarelas na primavera, que depois se transformam em bagas que parecem uvas. Tão emblemático como o calafate, são as lengas, árvores enormes, com estrutura parecida às das faias, onde crescem folhas carnudas, de tonalidade verde clara. Povoam as encostas nevadas das zonas de mais altitude, tal como os nodos, outro arbusto, embora com mais envergadura que o calafate, que dá exuberantes flores vermelhas no fim da primavera.
  Ficou o viajante com a impressão de que o ambiente de El Calafate deverá ser parecido ao de uma antiga cidade do faroeste, que cresceu muito e depressa, sem grandes rasgos de ordenamento urbano – embora tenha uma estrutura viária moderna, geométrica. No centro, há muitas instalações comerciais, que vão desaparecendo quando se caminha para a periferia. É também na periferia que fica a maior parte dos hotéis. Apesar de a maior parte dos habitantes locais andar sempre de carro, é agradável passear por aqui, respirando o ar sempre fresco desta cidade quase no fim do mundo.
  Da cidade, não se pode dizer que tenha propriamente locais de interesse que mereçam visita. Mas há uma excepção: a cerca de dois quilómetros do centro, com acesso por caminhos de terra perfeitamente caminháveis, fica uma reserva municipal, na Laguna Nimez. É uma reserva natural próxima do Lago Argentino onde nidificam dezenas de espécies de aves. Esta foi, aliás, uma das surpresas do viajante em terras patagónicas: há um enorme número de aves por estas paragens, que vão e vêem, ao sabor das estações. Os flamingos, por exemplo. A entrada na reserva da Laguna Nimez é controlada na temporada alta. Mas o posto de orientação está fechado e a entrada é livre na temporada baixa (há uma placa que pede aos visitantes que tenham cuidado com as espécies nidificantes e recomenda alguns comportamentos).
  l Calafate tem aeroporto, a cerca de vinte quilómetros. É um aeroporto novo e moderno, onde chegam meia dúzia de aviões por dia, 3 a 4 dos quais de Buenos Aires – os restantes, ligam El Calafate a Rio Gallegos, capital da província. Por estrada, Buenos Aires dista 2800 quilómetros. Ouviu o viajante dizer que a viagem é penosa, por estradas nem sempre boas. Também por estrada se chega a Rio Gallegos, a 300 km. Tudo visto, na prática, a terra é apenas usada como base para a visita aos glaciares (em particular ao Perito Moreno) e o resto é acessório. Porém, partem daqui outras excursões muito interessantes, a outros glaciares (em particular ao glaciar Uppsala, o maior da América do Sul), a El Chaltén, a capital argentina do trekking (nas imediações do pico Fitz Roy) ou ainda ao parque chileno de Torres del Paine.

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