Parque Biológico de Gaia, Portugal

  Tem o viajante pouca apetência por jardins zoológicos, daqueles onde os animais estão enjaulados em gaiolas todas muito iguais, com a preocupação única de que os visitantes possam vê-los e assim juntá-los à sua colecção de cromos. Os zoológicos parecem ao viajante uma espécie de McDonald’s da natureza. Talvez por isso, teve uma agradável surpresa no Parque Biológico de Gaia, um espaço natural descontraído e criteriosamente desordenado, como a natureza.
  Não o fazia tão antigo o viajante, mas a sua origem remonta a 1981, quando a Câmara Municipal de Gaia comprou um primeiro pequeno terreno onde se instalaram os primeiros “equipamentos de educação ambiental”, que vieram a ter já o nome de parque biológico. Os primeiros visitantes surgiram em 1983. Actualmente, o parque estende-se por 35 hectares e emprega 120 pessoas. A ideia que lhe subjaz é muito mais ambiciosa que a de um mero zoológico: pretende, dentro de uma área de natureza, expor animais, dentro do seu ambiente próprio e com respeito pelas suas necessidades comportamentais. Por isso, pretende interpretar, mais que exibir, no contexto natural em que as espécies se inserem. Além da fauna, é também importante a vertente da flora, quer a selvagem, quer aquela que é explorada pela agricultura.
  O parque está organizado para que se faça um percurso pedestre de cerca de 3 km, ao longo dos quais se vão vendo espécies – animais e flora. E pelo meio, muita informação, em painéis espalhados pelo percurso. Além de ecossistemas selvagens, foram também mantidos ambientes humanizados, rurais – casas agrícolas e moinhos. O percurso está muito bem sinalizado e pedagogicamente orientado. Pode ainda visitar-se um Biorama, que é uma zona coberta, de exposição de interior, em que foram recriados habitats de outras zonas do globo, com plantas e animais vivos. No total, entre animais e plantas, anuncia o parque ter cerca de 700 espécies a viver aqui.
  Quanto às espécies de fauna, muito agradou ao viajante ver os animais no seu ambiente – em geral, é bicharada de por aqui, ou habituada ao nosso clima. Em particular, quanto às aves, achou o viajante simpática a ideia de, quanto a muitas delas, se proporcionarem condições para que nidifiquem e para que depois vão à sua vida voltando, se quiserem, na altura certa no próximo ano. Nestas condições, o parque acolhe cerca de 40 espécies – que acabam efectivamente por voltar. É, por outro lado, interessante perceber que nenhum dos animais que aqui vivem foi comprado (muitos, são animais apreendidos a caçadores ilegais ou a traficantes) e a que filosofia do parque passa por devolvê-los, sendo possível, à natureza.
  O parque está aberto todos os dias do ano, a partir das 10 horas. Fecha às 18 horas no inverno e às 19 no verão (20 horas, ao fim de semana). Dispõe de um bar, onde se podem fazer refeições ligeiras. Fica em Avintes, muito perto de Gaia e do Porto, a cerca de 1 km da Auto-estrada do Norte - saída Castelo de Paiva/Avintes.

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