Bruges, Bélgica

  A Bruges, (ou Brugge, em flamengo, língua local), deve ir-se no inverno. Claro que o verão é sempre mais bonito, sobretudo em latitudes mais a norte: o tempo é melhor, os dias são maiores e a paisagem é mais verde e menos fria. Mas Bruges é impossível no verão: está inundada de turistas e transformada numa espécie de enorme parque temático. E é pena porque - sem qualquer reserva o assume o viajante -, Bruges é das mais bonitas cidades que visitou na Europa. Aliás, é classificada como património da humanidade, pela Unesco, desde 2000. Embora haja sempre, durante todo o ano, muitos turistas pelas ruas, Bruges é também consensualmente qualificada pelos guias como um dos melhores destinos da Europa.
  A melhor forma de chegar a Bruges vindo-se de Bruxelas, poiso normal na Bélgica, é o comboio. De Bruxelas, a viagem demora uma hora de comboio, a partir da estação central (Bruxelles Centrale). Há comboios de meia em meia hora e a viagem custa 11,80 €. É que, além do mais, é difícil estacionar nesta cidade antiga. E depois, Bruges é daquelas cidades onde tem que andar-se a pé.
A denominação “Bruges” terá tido origem em “bryggia”, que em flamengo antigo designaria embarcadouro. Esta será uma história do século IX, numa cidade que alcançou o seu apogeu nos séculos XIV e XV, quando fazia parte do Ducado da Borgonha e se evidenciou como um centro de letras e artes. São dessa época dois dos grandes vultos da cidade: Jan van Eyck (1390-1441) e Hans Memling (1433-1494). Na verdade, Bruges, uma poderosa cidade mercantil (no século XIV era mesmo o centro mercantil mais importante da Europa) foi uma das cidades que mais marcou o carácter da Flandres, tal como ela se inscreveu na história.
O conjunto arquitectónico que ainda hoje subsiste da cidade antiga é muito harmonioso. É formado por uma enorme rede de ruas medievais, por vezes atravessadas por canais. A cidade é injustamente chamada de Veneza do Norte: merece muito mais que a comparação e esta menoriza-a, porque com Veneza apenas tem em comum ter canais – quanto ao resto, tem identidade muito própria.
São visitas obrigatórias a praça do Markt, ou Grote Markt (centro nevrálgico da cidade, herdeiro do esplendor da cidade, do tempo em que o seu porto de mar era dos mais importantes do Mar do Norte – agora, há por aqui barracas onde se comem óptimas batatas fritas), os canais, o Museu Memling e a praça do Burg, coração histórico da cidade, recheado de ícones da arquitectura flamenga (destaque para a catedral do Santo Sangue, do século XII e para a catedral, do século XV). 
O edifício mais alto de Bruges é o Belfry, campanário e símbolo burguês da cidade, que pretendeu, como noutras cidades flamengas, contrariar o protagonismo das catedrais – foi construído no século XIII e tem 88 metros de altura e carrilhão de sinos no topo.
Tinha o viajante muita curiosidade pelo Begijnhof, ou beatério, uma tradição dos Países Baixos, com origem no século XIII e que viu já replicado noutras cidades da Flandres (Amesterdão, por exemplo) – este Begijnhof de Bruges foi fundado em 1245. Como os outros, era uma comunidade religiosa de mulheres que, apesar disso, não pertenciam especificamente a nenhuma ordem religiosa. Viviam em pequenas casas, umas junto das outras, num espaço fechado ao exterior. Nele encontrou o viajante uma espaço muito pacato.
 
  Dizem os guias turísticos que há em Bruges cerca de 80 cervejarias em muitas das quais se vende cerveja local, por vezes mesmo fabricada na casa. Reteve o viajante o Grand Café Belfort, onde se bebe a cerveja da casa (Brugs Belfort), de travo  intenso e rico, tradicional, ao estilo abadia. Mas mais reteve ainda as chocolatarias, que pululam pela cidade. Vendem chocolate artesanal, quer em formatos tradicionais, quem modelado nas mais diversas e criativas formas.

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