As "winelands" da África do Sul

 Há muito que o viajante se habituou a ver vinhos sul-africanos nas prateleiras dos supermercados. E, além disso, quando em viagem, a prová-los, porque são dos mais expandidos por todo o mundo – e, quanto ao preço, dos mais abordáveis, também.
Calhou entretanto passar pela Província do Cabo, na África do Sul e visitar Stellenbosch, o coração da produção vinícola daquele país austral. Foi aí que provou os vinhos feitos de pinotage, uma especificidade sul-africana. Esta casta, que não se produz em mais local nenhum do mundo, foi “inventada” na década de 1920, pelo professor de agronomia Abraham Perold, professor na Universidade Africânder de Stellenbosch, por via do cruzamento de pinot noir e de cinsault (que nesta e noutras latitudes é também chamada hermitage). O vinho que produz é quente e envolvente, mas de efeito curto, porque em geral se esvai rapidamente. Apesar disso, em geral os vinhos de pinotage são picantes e adstringentes, a dar algum corpo a um travo apimentado, a fazer lembrar terra vermelha.
De certa forma, o pinotage tornou-se um símbolo da viticultura sul-africana – todos os anos se realiza um concurso nacional para apurar o melhor de entre eles. Mas os vinhos sul-africanos não se limitam ao pinotage: produzem-se também brancos, em geral ligeiros e vinhos de sobremesa – uma espécie de clones de vinho do Porto. Mas, em tinto, produz-se sobretudo vinho de shiraz e cabernet sauvignon. Quanto a este último, vem sobretudo de Stellenbosch, onde se planta há 350 anos.
Na região há muitas adegas (calcula-se haver cerca de 300 produtores), a maior parte das quais preparadas para receber visitas, recebendo sempre com simpatia quem passa. Prova-se vinho e pode comprar-se também. Em geral, quando são visitados por estrangeiros, oferecem-se para mandar entregar o vinho em casa, pelo correio. Estas visitas são, para quem vai da Europa, uma experiência engraçada, porque as estações do ano estão viradas do avesso: a vindima faz-se em Fevereiro ou Março e o vinho está pronto para provas no nosso Outono. 

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