Castelo de Noudar, Barrancos, Portugal
Já há poucos paraísos destes em
Portugal. Noudar é daqueles sítios onde o viajante sentiu estar num lugar
distante, sem stress nem poluição, onde ainda é possível gozar de alguma
quietude, na serenidade campestre. O castelo fica longe e o acesso é difícil. A
distância têm-no preservado das hordas de turistas e outros visitantes
domingueiros que vão invadindo os highlights do Alentejo, como que colecionando
cromos.
A fortaleza fica integrada no chamado Parque de Natureza de Noudar, onde fica também o Monte da Coitadinha, um hotel rural muito simpático e confortável, embora a puxar para o carote. Será, talvez, dos locais de pernoita mais isolados e remotos do país, no meio do montado. À noite, a ausência de povoados e iluminação pública nas redondezas propiciou um céu estrelado lindo.
De Lisboa a Noudar são cerca de 250 quilómetros. Até Évora, o percurso é fácil e conhecido. Depois, é necessário prosseguir para Reguengos de Monsaraz e Mourão, na direção de Amareleja. Nesta típica terra alentejana, que detém vários records de temperatura máxima registada em Portugal, deriva-se para Barrancos, em cuja entrada se vira, por sua vez, para Noudar. A estrada é fraca, mas está sempre bem sinalizada.
Barrancos, em si mesmo, é já um
enclave, encaixado dentro da linha de fronteira com Espanha. Aliás, os seus
ícones locais são meio-andaluzes: touradas de morte e produtos derivados do
porco preto. É também o município com menos população em Portugal (apenas 1800
habitantes), se não se considerar o município do Corvo, nos Açores (que tem somente
430 habitantes).
Chegar ao castelo de Noudar, a
partir de Barrancos, ainda supõe percorrer cerca de mais 10 quilómetros de estrada
rural, nem sempre pavimentada, atravessando montados de azinheiras e um que
outro sobreiro ou carrasco. Pelo caminho (e em toda a zona), teve o viajante a
ventura de encontrar passarada e pequenos carnívoros. Mencionam os guias
saca-rabos, doninhas, javalis, veados, gatos-bravos, lontras, texugos, coelhos
bravos e lebres. Contentou-se o viajante com uma raposita e deixou os linces
para quem sabe. Passarada, essa sim: muita e variada.
O castelo, propriamente, fica num
morro alto e escarpado, numa zona isolada, muito longe da próxima povoação. Lá
no fundo da ravina, caudaloso no inverno e quase seco no verão, corre o rio
Ardila, separando Portugal de Espanha. Em cima da escarpa, dominando o
horizonte, fica o antigo castelo, bastante arruinado (em virtude deste estado
de ruina está oficialmente fechado, mas é possível visitá-lo pela porta das
traseiras, que foi vandalizada). São poucas as fontes de informação sobre este
monumento. Mas não será difícil reconstruir aqui uma história de castelo de fronteira,
com origem no fossado, contra os mouros. E depois, ao longo da Idade Média, um bastião
de defesa da fronteira nacional, para fazer face à ameaça espanhola. O resto
intui-se: os castelos medievais sucumbiram com o advento da artilharia e da
guerra moderna. E ficaram abandonados quando o país pacificou e passou a ganhar
a vida de outra forma. A fortaleza fica integrada no chamado Parque de Natureza de Noudar, onde fica também o Monte da Coitadinha, um hotel rural muito simpático e confortável, embora a puxar para o carote. Será, talvez, dos locais de pernoita mais isolados e remotos do país, no meio do montado. À noite, a ausência de povoados e iluminação pública nas redondezas propiciou um céu estrelado lindo.
De Lisboa a Noudar são cerca de 250 quilómetros. Até Évora, o percurso é fácil e conhecido. Depois, é necessário prosseguir para Reguengos de Monsaraz e Mourão, na direção de Amareleja. Nesta típica terra alentejana, que detém vários records de temperatura máxima registada em Portugal, deriva-se para Barrancos, em cuja entrada se vira, por sua vez, para Noudar. A estrada é fraca, mas está sempre bem sinalizada.
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