Atlântico Norte
Já tinha calhado ao viajante sobrevoar os desertos do nordeste de África, do Sudão e da Líbia, que o deslumbraram pela imensidão. E também, mesmo apercebendo-os desde cima, pela agressividade do seu calor, que se notava nas cores vivas (do ocre ao avermelhado) e na textura vincada dos terrenos. Calhou, desta vez, sobrevoar com céu limpo a imensidão do Atlântico Norte, próxima do Árctico, na rota que cruza a Gronelândia de sueste a noroeste.
A visão desta gigantesca ilha – apenas ultrapassada em tamanho pela Austrália – deixou-lhe o sentimento de uma imensidão ainda mais esmagadora e ameaçadora. A abordagem é, desde logo muito agressiva: a costa leste da Gronelândia é escarpada e abrupta. Caem dramaticamente no mar negras falésias, a que se seguem montanhas muito escuras, sem qualquer tipo de vegetação. Aliás, a negridão da rocha das escarpas e dos picos montanhosos é apenas quebrada pelos campos de neve, que por completo preenchem os vales e as encostas mais suaves. São neves eternas, que formam um manto muito regular e aplanam o terreno, revestindo-o e quase o uniformizando.
Nalguns vales mais profundos e íngremes, desde o ar são bem visíveis glaciares que imovelmente descem para o mar. Em geral, ramificam-se em vários braços e espraiam-se por muitos quilómetros, subindo a montanha. No lado oposto, debruçam-se sobre o mar, desfazendo-se em pedaços, dando origem a icebergs.
A visão desta gigantesca ilha – apenas ultrapassada em tamanho pela Austrália – deixou-lhe o sentimento de uma imensidão ainda mais esmagadora e ameaçadora. A abordagem é, desde logo muito agressiva: a costa leste da Gronelândia é escarpada e abrupta. Caem dramaticamente no mar negras falésias, a que se seguem montanhas muito escuras, sem qualquer tipo de vegetação. Aliás, a negridão da rocha das escarpas e dos picos montanhosos é apenas quebrada pelos campos de neve, que por completo preenchem os vales e as encostas mais suaves. São neves eternas, que formam um manto muito regular e aplanam o terreno, revestindo-o e quase o uniformizando.
Nalguns vales mais profundos e íngremes, desde o ar são bem visíveis glaciares que imovelmente descem para o mar. Em geral, ramificam-se em vários braços e espraiam-se por muitos quilómetros, subindo a montanha. No lado oposto, debruçam-se sobre o mar, desfazendo-se em pedaços, dando origem a icebergs.
Os fiordes a que estes glaciares em seu tempo terão dado origem, que se adivinham fundos e de águas gélidas, estão polvilhados por estes blocos de gelo glaciar. Nalguns pontos, concerteza de águas mais tranquilas, chega até a formar-se uma película gelada que cobre por completo a superfície marinha.
Em volta da ilha, todo o mar está pontilhado de pedaços de gelo que, à deriva, vão vogando ao sabor das correntes. Este é, aliás, um dos grandes viveiros dos terríveis icebergs que aterrorizam os navegadores do Atlântico Norte. Olhando para eles, de cima, questionou-se o viajante sobre se não teria saído daqui aquele que afundou o Titanic.
Mas a dimensão da Gronelândia não fica apenas nas costas escarpadas, nos fiordes, nos glaciares e nos icebergs: aquilo que mais impressionou o viajante foi o seu interior gelado. Consoante foi avançando para o interior, claramente percebeu que o relevo se ia esbatendo. Pode ter acontecido que as montanhas cedessem à pressão de milénios, feita por gelos eternos. Mas pode também ter acontecido, pura e simplesmente, que a neve e os ventos, de milénios sucessivos de invernos, se tenham encarregado de preencher de branco todas as irregularidades do terreno. A verdade é que, consoante se sobe, para norte e para o interior, a Gronelândia vai-se mostrando mais regular: no início, as montanhas parecem mais baixas e os vales menos escavados; depois, todas as irregularidades se arredondam e pintam de branco. Mais a norte, é a imensidão gelada: o interior da ilha é uma gigantesca planura uniforme de neve imaculada.
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