As igrejas românicas de Andorra

 A Andorra vai-se às compras ou para o esqui. Em ambos os casos, na versão low cost. Nas compras, porque os impostos são muito reduzidos e os modelos de fim de linha, já ultrapassados, de roupa, sapatos, máquinas fotográficas e outras tecnologias se vendem baratos. No esqui, porque a oferta de hotéis é simpática e, por preços mais modestos, prestam serviços parecidos com os dos Pirenéus de Espanha ou França. Além disso, há portugueses em todos os lados, quer como clientes quer, sobretudo, como empregados da hotelaria.
O viajante tem um fraquinho pelo românico. Já aqui deixou nota da passagem pelo vale de Boí, ao lado, na Catalunha, onde as igrejas românicas são de facto um fenómeno notável, a justificar a viagem. Não poderá dizer o mesmo das igrejas românicas de Andorra. Também elas são uma versão mais simples, menos sofisticadas e ricas que as do outro lado da montanha. Mas apesar disso valem o desvio no regresso do esqui.
São em geral igrejas de estilo lombardo, que bem revelam a importância da religião e da religiosidade no período medieval, quando foram construídas. Vem dessa altura a instituição do co-principado de Andorra, em que um dos co-príncipes é o bispo católico de la Seu d’ Urgell, na província espanhola de Lleida. Esta importância justificará a grande densidade de igrejas românicas no pequeno principado pirenaico: em Andorra ainda subsistem 44 destes templos católicos, num território de apenas 468 quilómetros quadrados. Este conjunto de edifícios religiosos constitui, aliás, o património cultural e arquitectónico mais valioso do país.
 Em geral são edifícios pequenos e simples, muito sóbrios, com interior de uma única nave, coberta com telhado de madeira. No topo costumam ter uma abside redonda, semicircular. Algumas delas conservam frescos, mas a maior parte deles foi retirada e está em museus fora de Andorra – em particular assim acontece com o Museu Nacional de Arte da Catalunha, em Barcelona.
As autoridades do turismo de Andorra criaram uma rota do românico, que começa em Canillo e acaba em Grau Roig. Ninguém o percorre todo. Alguns visitantes fogem ao esqui e procuram Santa Coloma, próxima de Andorra la Vella, uma das mais representativas, que figura em todos os guias. Outros, Sant Climent, na zona de La Massana.
Achou o viajante que bastaria ficar pelo mais fácil, visitando a igreja de Sant Joan de Caselles, em Canillo, na beira da estrada e com facilíssimo acesso para quem pretenda cruzar o principado pela estrada principal, de sul para norte. É um edifício dos séculos XI e XII, ligeiramente alterado nos séculos XV e XVI. Notou de especial um campanário externo, unido à nave principal por um alpendre que os paroquianos usavam como sala de reunião comunal.

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