Florença, Itália

 De Florença tinha o viajante a ideia de ser a cidade onde floriu em todo o seu esplendor o génio artístico italiano, entre os séculos XIII e XVI, dando origem ao período histórico que ficou conhecido como Renascimento. Desde essa altura que passou a ser uma das capitais do mundo da arte, sendo ainda hoje a cidade que mais guarda a herança renascentista.
No Renascimento, a cultura e as artes libertaram-se do peso das trevas medievais e abriram-se ao mundo, cultivando a abertura de espírito, que permitiu a criatividade e deu origem a grandes avanços técnicos e científicos. É dessa altura a pretensão do saber universal: cada homem de cultura deveria também ser de ciência e de técnica e de artes e de literatura.

 Em legado deste período, a grande casa dos Médici, os mecenas mais proeminentes da história de Florença (Lourenço de Médici terá sido o modelo do “Príncipe” de Maquiavel), acabou por ser herdada pelos duques de Lorena, que a passaram a Napoleão no início do século XVIII. Talvez por isso, quando Itália se unificou como reino, Florença foi sua capital, entre 1865 e 1870.
Foi nesta cidade que surgiu o génio de Dante Alighieri, mas também foi aqui que viveram Giotto, Botticelli, Fra Angélico, Petrarca ou Maquiavel. Por aqui se revelaram também Miguel Ângelo e Leonardo da Vinci.



 Na visita à cidade, o “Duomo”, esmagou o viajante, pela sua imponência. Pela elegância. Pela originalidade. Esta Catedral ou “Duomo Santa Maria del Fiore” é a 4ª maior igreja da cristandade, depois de São Pedro, em Roma, São Paulo, de Londres e da Catedral de Milão. Foi construída entre 1334 e 1360, planeada por Giotto (Giotto di Bondone) Está marcada pela geometria da sua decoração.
Subiu o viajante à sua cúpula, depois de esperar numa enorme fila que demorou 40 minutos. Mas valeu a pena. Os seus 463 degraus íngremes, por escadas e túneis, dão acesso a um varandim a meio da abóbada. Nesta abóbada foi pintada uma fantástica representação do juízo final. Diz-se que esta abóbada, da autoria de Brunelleschi, é a maior cúpula do mundo. O viajante achou-a avassaladora.

 Mas ainda mais avassaladora achou a recompensa no topo da subida: uma paisagem de cortar a pouca respiração que ainda lhe sobrou depois da subida. Do topo da cúpula vê-se toda Florença: as igrejas, os palácios e a harmonia da cidade, das ruas e da malha urbana.
Em frente, a torre sineira da catedral, ou “Campanile” tem 85 metros de altura (a altura de em edifício de quase 30 andares…). É igualmente construída em mármore branco, com listas verdes escuras.
Porém, Florença é muito rica em memórias arquitectónicas e inevitavelmente a memória do viajante recupera outras imagens; a Piazza della Signoria, com o Palazzo Vecchio e a estátua de David, de Miguel Ângelo é um dos mais impressivos. Esta gigantesca estátua do modelo renascentista é uma cópia da original, que está na Galeria da Academia. Ao lado, a Galeria dos Uffizi, na altura em remodelação, um dos mais famosos museus do mundo, é tido como o maior museu de Itália. Foi fundada no século XVI, por Francisco de Medici, que aliás era o dono das suas primeiras colecções. Guarda a maior colecção do mundo de arte renascentista.
 Por sua vez, a ponte Vecchio, a emblemática ponte sobre o rio Arno, com origem no século XIV, é um dos mais conhecidos ícones de Florença. Ainda agora cheia de lojas – actualmente, são sobretudo joalharias, mas na idade média havia aqui lojas de pescadores, carniceiros e artesãos de couro.
Outros há, como a igreja de Santa Maria Novella, ou a de Santa Croce, onde estão as sepulturas de Miguel Ângelo, Galileo Galilei e Maquiavel. Mas o viajante preferiu – e considerou mesmo essencial -, a vista ao miradouro da Piazzale Michelangiolo, a caminho de S.Miniato al Monte, de onde se tem uma vista fantástica sobre a cidade. Pode subir-se a pé, embora a encosta seja inclinada. Desde o rio Arno, a subida poderá demorar talvez 15 minutos, por escadarias fáceis, mas íngremes. Mas a vista, sobretudo ao pôr-do-sol, é lindíssima e vale bem a pena.



 Florença deixou na memória do viajante uma enorme quantidade de palácios e palacetes, de origem medieval ou renascença, a bordejar ruas estreitas. E também as impressionantes avalanches de turistas, sobretudo asiáticos. Mas à margem desta sensação de parque temático, recorda o viajante que, ao lado da Ponte Vecchio, comeu o melhor gelado de toda a sua vida, de banana e frutos do bosque (duas bolas por 9 €…).
Florença é uma cidade de acesso difícil: o seu aeroporto tem muito poucos voos. É por isso mais confortável utilizar Bolonha, que tem voos diários de Lisboa, com a TAP e depois fazer a ligação de comboio (de cerca de uma hora).

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