Zagreb, Croácia

Zagreb é uma velha gaiteira, que se converteu numa jovem capital moderna. Diz o viajante isto sem desprimor para a capital da Croácia, com a qual, aliás, simpatizou à primeira vista. Logo desde a chegada ao aeroporto, pequeno e caseiro, ficou com a impressão de uma terra ordenada e composta. Os bairros periféricos, modernos e em boa parte planeados no tempo dos socialistas, são arejados e atravessados por larguíssimas avenidas. As manifestações de modernidade nem sequer são de mau gosto, como é habitual em muitos dos países do antigo bloco do leste da Europa. Nem sequer se vêm a degradação e a aparência de pobreza de outras cidades das antigas repúblicas jugoslavas.
Em todo o caso, a capital croata não consegue descolar de algum provincianismo: não é que seja pequena (é verdade que não é grande), mas sobretudo falta-lhe a dimensão e a estrutura de uma verdadeira capital.
Claro que esta modéstia não é exclusiva de Zagreb e anotou-a já o viajante noutras capitais do centro europeu, cujo estatuto de capital nacional é recente: Bratislava ou Sarajevo são outros bons exemplos disso, como o são, por razões um pouco diferentes, Berna ou a cidade do Luxemburgo.
  Longe da sua modesta dimensão hodierna, quem visita a actual capital da Croácia percebe uma enorme dimensão noutros tempos: esta cidade passou por várias mãos ao longo da história. De todas elas, percebeu muito bem o viajante a grande marca do império austro-húngaro, do qual Zagreb foi uma importante cidade de província. Aliás, há zonas da cidade onde se nota predominância da arquitectura barroca, típica do período imperial dos Habsburgo. Esta marca barroca terá tido grande desenvolvimento depois de um tremor de terra que, no início do século XIX, destruiu bastante a cidade. Talvez seja por isso que a parte baixa da cidade (a Donji Grad) é muito harmoniosa.
  Quanto à cidade alta, ou antiga (ou Gornji Grad), é também harmoniosa – aqui, não foi um terramoto, mas um incêndio que, no século XII, destruiu toda a área, com excepção de um pequeno troço de muralha, onde estava e está uma imagem da Virgem Maria com o menino. A partir de então, esta imagem foi venerada e foi construída uma capela em seu redor: a capela da Virgem Maria da Porta de Pedra, eleita protectora de Zagreb.
Já nessa altura – idade média -, Zagreb era um importante pólo regional. Apesar de estar sujeita a dominação húngara, foi aqui que, a partir do século XVI, se baseou o vice-rei da Croácia, delegado do rei da Hungria, soberano do território. Desde então passou a existir um parlamento local (o Sabor, que ainda hoje existe, noutro formato, com sede na Gornji Grad).
 Trouxe o viajante na memória uma terra que não parece ter os 700 a 800 mil habitantes que tem, espalhada nas margens do rio Sava, com ambiente tranquilo e muitos espaços verdes. Como qualquer velha gaiteira, é amigável e está cheia de bares e esplanadas. Tem a vantagem adicional de ter voos directos, a partir de Lisboa, 4 ou 5 vezes por semana e de o aeroporto ser muito perto da cidade – e com fácil e bareto acesso à cidade, em autocarro, de meia em meia hora.

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