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As "winelands" da África do Sul

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 Há muito que o viajante se habituou a ver vinhos sul-africanos nas prateleiras dos supermercados. E, além disso, quando em viagem, a prová-los, porque são dos mais expandidos por todo o mundo – e, quanto ao preço, dos mais abordáveis, também. Calhou entretanto passar pela Província do Cabo, na África do Sul e visitar Stellenbosch, o coração da produção vinícola daquele país austral. Foi aí que provou os vinhos feitos de pinotage, uma especificidade sul-africana. Esta casta, que não se produz em mais local nenhum do mundo, foi “inventada” na década de 1920, pelo professor de agronomia Abraham Perold, professor na Universidade Africânder de Stellenbosch, por via do cruzamento de pinot noir e de cinsault (que nesta e noutras latitudes é também chamada hermitage). O vinho que produz é quente e envolvente, mas de efeito curto, porque em geral se esvai rapidamente. Apesar disso, em geral os vinhos de pinotage são picantes e adstringentes, a dar algum corpo a um travo apimentado, a fazer

Kruja, Albânia

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  Fez o viajante uma breve romagem a Kruja, a cerca de 30 quilómetros a norte de Tirana, capital da Albânia, com o intuito de descobrir a verdadeira essência deste país, noutros tempos chamado das águias. Pelo caminho, dizia-lhe o motorista que o conduzia, que o clube de futebol local, o Kruja FC (ou equivalente, em albanês…), era muito forte na sua “casa”, um estádio minúsculo, encaixado na encosta, que de estádio só tem o nome – é certo que é um campo relvado e cercado até, com algumas bancadas em cimento. E o Kruja joga na primeira liga albanesa.  De Kruja, sabia o viajante que é uma pequena cidade encavalitada nas montanhas e que foi escolhida por Skanderbeg (George Kastrioti, que viveu entre 1405 e 1468), o herói nacional albanês, para aqui se instalar e construir o seu castelo. Foi em Kruja que se declarou a independência da Albânia (na época dominada pelos turcos), pela mão de Skanderbeg e foi este príncipe guerreiro que comandou os independentistas na defesa contra três in

Berat, Albânia

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  Chegou o viajante a Berat com a expectativa com que chega sempre a um local declarado património da humanidade pela UNESCO (na Albânia apenas há dois sítios assim declarados; o outro é a cidade de Gjirokastra, no sul). É verdade que a visita a Berat foi interessante, mas também o é que não foi das mais empolgantes. A Albânia não é um país turístico, mas Berat é sempre sublinhada quanto se pretende visitar o país. E, diga-se, merece-o, porque tanto quanto logrou perceber o viajante, é uma das cidades mais interessantes deste país balcânico. Para isso terá contribuído a circunstância de, a título excepcional, ter sido declarada há décadas, durante o regime comunista, como “cidade museu”. Por isso, salvou-se da destruição total a que foi submetido a herança histórica do país, durante o regime de Enver Hodxa, em nome da construção de uma nova e moderna Albânia.   Berat é “vendida” aos escassos turistas que vão à Albânia como a cidade das mil janelas. De facto, é cortada ao meio por

Igreja Monumento de S. Francisco, Porto

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  O viajante tem corrido montes e vales de países distantes, ou avenidas e vielas de cidades enormes, para encontrar e visitar aquilo a que os guias de viagem chamam “uma jóia da arquitectura…”, ou “um excelente exemplar de…”. E nem sempre lhe ocorre que há muitas destas “jóias” ou “exemplares” aqui ao pé da porta, ou numa cidade próxima, mesmo à mão para uma visita de fim de semana. Não conseguiu evitar esta conclusão quando calhou passar, muitos anos depois da última vez, na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, no Porto. É um monumento exuberantíssimo, que impressiona pela riqueza da talha dourada, ao melhor nível mundial. Tão deslumbrante como esta, apenas conhece o viajante a  Capela Dourada , no Recife, Brasil. Todavia, esta igreja de raiz românica, como qualquer jóia, tem que ser descoberta. Parece um enorme cristal de ametista, cinzento feiote por fora, mas muito brilhante por dentro. Na verdade, o exterior muito discreto desta igreja, deve a sua modéstia à raiz român

Stellenbosch, out of Africa

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 Não queria o viajante dizê-lo – sente-se quase ofendido ao dizê-lo -, mas chocava-o o antigo regime sul-africano de apartheid. Fazia-lhe lembrar um ambiente feudal medieval, inumano e bruto. Foi felizmente banido na África do Sul, talvez com algum excesso de compensação posterior aos antigos descriminados. Porém, não consegue o viajante deixar de anotar que, fruto do apartheid ou não, a África do Sul é um país diferente, no contexto africano. É um país organizado, educado e civilizado. É sintomático que, ao menos na Cidade do Cabo, os motoristas param os seus carros nas passadeiras, espontaneamente, para deixar passar os peões (o que além do mais, revela que há passadeiras…).   Entretanto, os tempos estão a mudar. Sintomaticamente, perguntaram um dia ao presidente da República de Singapura (que governa aquela cidade estado asiática, de forma tranquila, desde os anos 60 e logrou transformar aquele esquecido porto de pescadores numa praça financeira) o que achava da África do Sul

Prizren, Kosovo

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O Kosovo, cenário de uma das mais recentes e bárbaras guerras em território europeu, não é um destino turístico. Provavelmente, não o será nunca: não tem praias nem modernas estâncias de montanha, não tem cidades vibrantes nem grandes marcos de interesse histórico, cultural ou artístico. Além disso, o recente país (que se declarou independente da Sérvia, oficialmente, apenas em 2008), apesar de ter uma paisagem natural bonita, dominada por montanhas que têm neve até muito tarde na primavera, está completamente desfigurado por uma ocupação humana desregrada e errática. E também, ainda, pelas cicatrizes da guerra de 1999 (de extrema violência dos sérvios sobre os kosovares albaneses) e pelos conflitos étnicos de 2004 (de vandalização de tudo, pessoas e propriedades, sérvias, pelos kosovares albaneses). Teve por isso o viajante uma grande e agradável surpresa, ao passar por Prizren, talvez a segunda cidade do país (a maior a seguir a Pristina) a 50 quilómetros a sul da capital e a a

Apollonia, Albânia

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Da Albânia trouxe o viajante a impressão de ser o canto mais escondido e esquecido do Mediterrâneo. O país ainda não recuperou dos quarenta e cinco anos de isolamento forçado, imposto pelo regime comunista radical, que fechou as fronteiras e proibia os contactos com o exterior. Apesar disso, desde os anos noventa que a Albânia desperta dessa letargia, abrindo as portas ao mundo e recuperando a sua história. Ela mesma, a história, foi também banida pelo regime comunista de Enver Hodxa, em nome da construção de um país novo, livre de classes e dos espartilhos do passado feudal e religioso. Em nome disso foram arrasadas igrejas, mesquitas e outros edifícios de interesse histórico. Não obstante, desde há muito que, em vários pontos do território albanês, são conhecidos vestígios da antiguidade e, em particular, da antiguidade clássica – o mar Adriático, que banha as costas do sul da Albânia, foi intensamente colonizado por gregos e romanos, que aqui construíram portos comerciais e cid

Serra de Aire, Portugal

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A fotografia foi tirada na zona da Serra de Aire. E não é original nem única: já calhou o viajante ser surpreendido por elegantes moradias rurais em cuja frontaria pontificam dragões, irmanados com águias e leões. O que não tinha visto nunca – e aqui só com atenção depois reparou -, foi esta trindade de mascotes estar abençoada pela companhia, embora mais discreta, dos pastorinhos de Fátima.

Praga e Bruxelas

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  Na bíblica Babel, cada um dos povos, falando a sua língua, entendia perfeitamente os outros. Interroga-se muito o viajante sobre as razões pelas quais, depois disso, as palavras entraram em deriva e se afastaram tanto umas das outras. Sobretudo em países de língua de famílias muito diferentes da latina, tem o viajante sido surpreendido por palavras muito parecidas a congéneres portuguesas, mas que significam algo absolutamente diferente daquilo que representam em português. Ocorriam-lhe estas ociosas lucubrações ao viajante, quando arrumava a fotografia acima, tirada em Praga, e a de baixo, em Bruxelas. Em ambos os casos ficou sem saber o que estará por detrás daquela grafia que tão familiarmente clara se lhe apresentou.

Radisson Blu Royal Hotel, Copenhaga, Dinamarca

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Não tem o viajante deixado por aqui muitas referências a hotéis. A verdade é que não tem frequentado hotéis que mereçam menção especial. Ocorre, porém, destacar o Radisson Blu Royal Hotel, que já foi o Hotel SAS Royal, em Copenhaga. Não é que se destaque pelo serviço, que é bom, nem pelo conforto, que é de óptimo nível: em geral, tem a qualidade e ao mesmo tempo a simplicidade típicas dos hotéis nórdicos.  Este hotel mereceu particular atenção do viajante porque se assumiu, desde que foi projectado, por Arne Jacobsen, como um emblema da tradição dinamarquesa de design. Foi desenhado em 1956 e inaugurado em 1960 e logo se tornou numa das obras emblemáticas de Jacobsen. É até considerado o primeiro hotel-design do mundo. De facto, tudo no edifício e no seu recheio foi meticulosamente desenhado de propósito para o hotel: além da fachada rectilínea, foram desenhadas por Jacobsen, desde as maçanetas das portas aos cinzeiros e desde as cadeiras até aos sabonetes de cortesia, que se disponi

Bruges, Bélgica

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  A Bruges, (ou Brugge , em flamengo, língua local), deve ir-se no inverno. Claro que o verão é sempre mais bonito, sobretudo em latitudes mais a norte: o tempo é melhor, os dias são maiores e a paisagem é mais verde e menos fria. Mas Bruges é impossível no verão: está inundada de turistas e transformada numa espécie de enorme parque temático. E é pena porque - sem qualquer reserva o assume o viajante -, Bruges é das mais bonitas cidades que visitou na Europa. Aliás, é classificada como património da humanidade, pela Unesco, desde 2000. Embora haja sempre, durante todo o ano, muitos turistas pelas ruas, Bruges é também consensualmente qualificada pelos guias como um dos melhores destinos da Europa.   A melhor forma de chegar a Bruges vindo-se de Bruxelas, poiso normal na Bélgica, é o comboio. De Bruxelas, a viagem demora uma hora de comboio, a partir da estação central (Bruxelles Centrale). Há comboios de meia em meia hora e a viagem custa 11,80 €. É que, além do mais, é difícil es

Madrid

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A língua é sempre uma das dificuldades da viagem. Ou um dos aliciantes; depende do local e das circunstâncias. Há povos e países que procuram entender os viajantes e fazer-se entender e outros a quem falta a boa vontade ou o jeito. Em Espanha, por exemplo, mais vale tentar falar a língua local. Mas mesmo assim, desta vez, a da fotografia, no Metro de Madrid, teve o viajante alguma dificuldade em encontrar o sentido certo e evitar que se perdesse algo na tradução. Mas se não está em erro, nesta “papelera” era proibido deitar papéis.

Parque Biológico de Gaia, Portugal

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  Tem o viajante pouca apetência por jardins zoológicos, daqueles onde os animais estão enjaulados em gaiolas todas muito iguais, com a preocupação única de que os visitantes possam vê-los e assim juntá-los à sua colecção de cromos. Os zoológicos parecem ao viajante uma espécie de McDonald’s da natureza. Talvez por isso, teve uma agradável surpresa no Parque Biológico de Gaia, um espaço natural descontraído e criteriosamente desordenado, como a natureza.   Não o fazia tão antigo o viajante, mas a sua origem remonta a 1981, quando a Câmara Municipal de Gaia comprou um primeiro pequeno terreno onde se instalaram os primeiros “equipamentos de educação ambiental”, que vieram a ter já o nome de parque biológico. Os primeiros visitantes surgiram em 1983. Actualmente, o parque estende-se por 35 hectares e emprega 120 pessoas. A ideia que lhe subjaz é muito mais ambiciosa que a de um mero zoológico: pretende, dentro de uma área de natureza, expor animais, dentro do seu ambiente próprio e co