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Brasília e Niemeyer

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No próximo dia 15 de Dezembro, Óscar Niemeyer completará 101 anos. O nome dispensa mais comentários biográficos e a idade e vivacidade, que tem confirmado na televisão, deixam o viajante cheio de respeito e parado no terreno. Mora em Copacabana, em cujos morros, segundo o próprio, o arquitecto do mundo nascido no Brasil se inspirou para encontrar as linhas curvas intermináveis que marcam a generalidade das suas criações. Quando o tema de conversa é a capital federal brasileira, mesmo o viajante mais desatento pensa logo no génio de Niemeyer. É universal a imagem de alguns dos mais emblemáticos edifícios de Brasília. É o caso do Palácio da Alvorada, construído entre 1956 e 1958 para ser residência oficial do presidente da República, um dos mais emblemáticos da cidade e da carreira de Niemeyer. Impressiona a sua simplicidade e discrição. Recorda bem o viajante os vários edifícios da Praça dos Três Poderes, desenhada por Lúcio Costa, logo na elaboração do plano piloto da cidade e cheia

Igreja de Santo António de Pádua, Roma

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É notícia destes dias a próxima inauguração, na Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, de um novo órgão de tubos, que motivou referências da agência católica Ecclesia e da Radio Vaticana , por ser considerado um instrumento único na capital italiana. Para uma próxima ida a Roma, deixou o viajante a Chiesa di Sant’Antonio dei Portoghesi , templo barroco mas com origem no século XV (a construção ficou a dever-se a D. Antão Martins de Chaves, mas essa é outra história), que tem o estatuto de igreja da comunidade portuguesa que vive em Roma. Mas passou e entrou o viajante na Chiesa Sant’Antonio da Padova , que fica próxima da Catedral de São João de Latrão, na zona oriental da cidade eterna. Já antes, em Pádua, revelando mau feitio, o viajante tinha ficado incomodado com a facilidade com que o nosso popular santo de Lisboa foi adoptado pela gente daquelas paragens, como se fosse dali. E aqui, em Roma, a incomodidade repetiu-se. Concerteza que o mesmo teria acontecido em vários

O outro Kremlin, Moscovo

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Kremlin é um sinistro nome do tempo da guerra-fria, símbolo do mal e da intriga em todos os filmes do agente 007. Agora, que está parcialmente aberto ao público, a sua beleza e magnificência transformaram-no num marco incontornável quando se visita Moscovo, a capital da Federação Russa. As suas catedrais, tão inesperadas como surpreendentes, são jóias magníficas da arte religiosa russa. O actual formato da cidadela (cidadela é o significado, em russo, de ”kremlin”), vem do século XV, altura em que foram construídas as muralhas avermelhadas que a cercam. Aqui se instalou a corte russa e aqui ficou também a sede da Igreja Ortodoxa Russa. O Kremlin foi o coração do poderio dos csares, antes de ser a sede do império soviético. Sem dúvida, esteve à altura das suas funções. Entrando no Kremlin, imediatamente o viajante respirou muito poder no ar. Não pode deixar de reparar no grande número de militares a patrulhar todo o sítio, ordenando as zonas de visita. Nem nos luxuosos veículos escuro

Vale de Ventos, Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros

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Já andou por aqui o viajante a pé, trilhando percursos marcados pelo PNSAC. Próximo da povoação de Vale de Ventos há uma antiga casa-abrigo do Parque Natural, agora abandonada, O que não está abandonado é o dito percurso pedestre, de dois quilómetros e meio de extensão, que se percorre em pouco mais de uma hora, que o viajante recomenda que se faça, sobretudo, no fim da primavera, quando as plantas aromáticas estão pujantes. Nessa altura correm pela serra, trazidos pelo vento, aromas dos sabores da cozinha mediterrânica, que não vêm enlatados nem liofilizados. Pelo chão encontram-se tufos de orégãos e largas extensões de alecrim. No fim do Outono, a zona é agreste. Fazendo justiça ao topónimo, há sempre ventania fria e desagradável. Havendo sol, mesmo assim, o passeio é muito agradável. Vale, nesse caso, a paisagem aberta, desde os limites do pinhal, para o interior, até ao mar, para oeste. Em dia claro, do alto da Serra, já viu o viajante, lá ao longe, a Berlenga!A ventania persisten

Lisboa, 29 de Janeiro de 2006

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Os invernos de antigamente traziam chuva e frio a Lisboa. Agora, parece que o aquecimento global desceu ao contexto local e amenizou o inverno da capital. Não é vulgar viver-se em Lisboa um Outono tão pouco frio e molhado como tem sido o deste fim de Novembro. Esta constatação fez recordar ao viajante uma data de há quase três anos, quando cumprindo um ciclo de 50 anos, nevou em Lisboa, como não nevava havia meio século. Era domingo e o dia estava escuro e frio. Os poucos bravos que se atreveram a procurar almoço de fim-de-semana fora de casa rapidamente perceberam que tinham que sair agasalhados. A meio do dia, parecia que a noite chegava. Sem o esperar, os corajosos que saíram à rua foram brindados, pouco depois das 3 da tarde, por generosos flocos de neve, frios e húmidos, que afagaram risonhas faces domingueiras e rapidamente encharcaram o chão. Ao pousar, desfaziam-se em água, mas na queda suave deixavam no ar a mágica poesia de um fenómeno raro nestas paragens. Aos mais afoito

Deutsches Eck, Koblenz, Alemanha

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Chegou o viajante ao Deutsches Eck sem saber muito bem ao que ia. Koblenz nas margens do Reno (a que, em português, tradicionalmente chamávamos Coblença), é um dos ícones do romantismo alemão. A paisagem é vinhateira e isso agradou ao viajante, que aqui passou num Outono seco e dourado pelo sol. É nesta cidade que se encontram os dois mais românticos rios do mundo: o Reno e o Mosela. No encontro de ambos, forma-se um canto de terra, onde na idade média os cavaleiros teutónicos tiveram instalações. Ao que parece, desde essa altura o local passou a ser o “ Canto da Alemanha ”, ou Deutsches Eck . Os nacionalistas germânicos do século XIX embarcaram na mística e erigiram aqui um monumento à grandeza e unidade alemã, simbolizando também a refundação, por essa altura, do império germânico. Na altura, a ideia era projectar a unificação de todas as regiões germano-falantes. A ideia permaneceu até ao século XX. Soube o viajante que ainda no início da década de 1980 a TV alemã encerrava as emi

Areópago, Atenas

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O viajante - sabe-lo bem, leitor -, tem levado os seus cadernos mais por caminhos que por estradas e mais por estradas que auto-estradas. Nas cidades, tem relatado mais o que descobriu nos capítulos finais dos guias turísticos e menos o que vem nas capas. Tem o viajante cá as suas coisas. Talvez tenha sido essa a razão que, em Atenas, o levou a abandonar a fila imensa, de centenas de pessoas, que pretendiam comprar o bilhete de entrada na Acrópole. Optou o viajante por descer a colina, não mais que cem metros, até à rocha do Areópago. É um morro calcário, de dimensão modesta. Sobe-se a ele por uma escada gasta e polida, podendo também usar-se uma escada metálica, colocada para turistas que optem pela segurança. Lá em cima, não há nada. Apenas a vista (fantástica, aliás) sobre Atenas, com os seus cinco milhões de habitantes. E mais de vinte e cinco séculos de história. O Areópago era na antiga Atenas, no tempo de Sólon, na génese da democracia (século VI AC) o local de reunião da asse

São Martinho de Anta, Trás-os-Montes

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“ A escola onde fiz os meus primeiros exames ”, dizia dela Miguel Torga. Veio aqui o viajante em romagem, um ano após as comemorações da data do centenário do nascimento de Adolfo Correia da Rocha, neste cruzamento transmontano onde acaba o Doiro e começa a Montanha. “ A escola onde fiz os meus primeiros exames, e um rancho de crianças à porta, à espera de fazer os seus. Pacoviozitos, como eu fui, que desceram da serra e vieram pagar o seu ingénuo tributo à cultura. Alguns, viram hoje estradas e automóveis pela primeira vez(…). E pus-me a pensar na barbaridade que vai abandonar aqueles espíritos à pedagogia das pedras. Dos meus companheiros de classe, alguns finos como corais, poucos assinam hoje o nome. A mão amoldou-se de tal maneira ao cabo da enxada, foi tanta a negrura e a fome que os rodeou, que esqueceram de todo que havia letras e pensamento ” – Miguel Torga, Diário. Na escola de São Martinho de Anta, em Setembro de 2008 um anúncio avisava que as aulas começariam, após as fé

Parque da Pena, Sintra

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Não se cansa nunca o viajante deste local, declarado Paisagem Cultural Património da Humanidade, pela UNESCO em 1995. Noutros tempos, a Serra de Sintra estava isolada da civilização e apenas foi conhecido por monges e reis: os monges, procuravam aqui recolhimento, na natureza exuberante; os reis de tempos antigos da nacionalidade, a quem não faltava tempo para caçadas demoradas em zonas distantes da capital, souberam apreciar a beleza da zona e o seu clima suave. No lugar que hoje é o Palácio da Pena, talvez logo no século XII, altura em que a região foi pacificamente reconquistada aos Mouros, surgiu um pequeno edifício religioso. No seu lugar veio a ser construído um mosteiro, três séculos mais tarde, que no século XIX, com a extinção das ordens religiosas, passou para o Estado. Foi nessa altura, 1838, comprado por D. Fernando II, o príncipe consorte que veio a construir aqui, a partir da década seguinte, o magnífico palácio romântico. A par do palácio, quis também D. Fernando cons

Praia do Bom Sucesso, Costa Oeste, 22h40m

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O jornal dizia que o eclipse seria total. Durante a tarde, a improvável chuva de Agosto fez temer que o fenómeno se eclipsasse. À noite, as nuvens não permitiram confirmar a amplitude da coisa. Felizmente abriram ainda um pouco e deixaram perceber a estranheza da escuridão da noite em tempo de lua cheia.

Estádio Sansiro, Milão

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Acaba o viajante de ouvir nas notícias que Lisboa vai hoje ser visitada pela equipa de futebol treinada pelo Special One José Mourinho. Luís Figo, o super craque intemporal virá também ao Estádio da Luz, defrontar o Benfica. Serviu esta informação de mote ao viajante para recordar a visita ao Estádio de Sansiro , também conhecido por Giuseppe Meazza , em Milão. Fica na zona ocidental da cidade e tem acesso pela linha 1 do Metro (estação Piazzale Lotto ). O estádio teve origem em 1926, altura em que foi construído, por vontade e impulso de um rico industrial da cidade, Piero Pirelli , fabricante de pneus, à época presidente do A.C.Milan. Foi o estádio do clube até 1939, início da Segunda Guerra Mundial. Depois do conflito, que atravessou dramaticamente a cidade, a propriedade do estádio passou para a Comune di Milano . Nessa altura, o local passou também a ser usado em competição pelo F.C.Internazionalle (o Inter). O actual formato do edifício data de 1990, altura em que foi renovado

A nova Potsdamerplatz, Berlim

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Sente o viajante algum fascínio pela nova capital da Alemanha. Diz nova, porque em pequeno se habituou a Bona, a capital federal, por contraponto com Berlim, a dividida cidade da ignonímia, da qual só se conheciam as bolas. É por isso conhecimento recente a Potsdamerplatz, local obscuro durante a guerra fria e agora recuperado para os roteiros. Desde sempre este local, no centro geográfico de Berlim, foi símbolo da sua modernidade. Assim aconteceu na louca década de 1930; nessa época ficavam aqui os cruzamentos das tendências da moda. Pelo caminho, depois de 1963, a zona foi durante décadas um descampado, terra de ninguém, entre as duas partes separadas da cidade, atravessada pelo muro da vergonha. Nos dias de hoje, a Potsdamerplatz voltou a ser o emblema do progresso de Berlim do século XXI: aqui se encontram actualmente os edifícios de perfil mais reputado da cidade, desenhados pelos mais conceituados arquitectos do momento. Aqui está a sede da Daimler Benz (um edifício de tijolos n

Bodegas Barbadillo, San Lucar de Barrameda, Cadiz

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Viagens e vinhos são dois temas na moda: viaja-se e aproveita-se para provar os vinhos da região; ou então, procuram-se provas de vinhos e aproveita-se para viajar e conhecer a região. Promete o viajante voltar ao tema, puro e duro, com notas mais substanciais. Ficam agora estas, que não se querem perder. Na Andaluzia reproduzem-se todos os mais conhecidos ícones de Espanha: touros, guitarras e o flamenco, os pátios frescos e floridos e, claro, o vinho. Que ainda por cima, nesta zona, é verdadeiramente señorito : tem um forte carácter e é seco. Está agora o viajante a pensar no vinho feito da casta palomino fino , que dá origem a um branco de aperitivo, que deve beber-se gelado: a manzanilla de Sanlúcar. O solo calcário da região, a que chamam albariza – é permeável à água, que armazena na altura das poucas chuvas e depois alimenta as vides. Por outro lado, ao ser quase branca, a albariza sofre menos evaporação – o sol aquece menos a terra que assim acumula mais a humidade – sobret

Capela da Granjinha, Chaves

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Conhece o viajante o românico de inspiração visigótica das Astúrias, bem como o românico pirenaico, do qual já deu conta por aqui . Não sabe, porém, como enquadrar neste contexto, do românico rural antigo, a capela da Granjinha, uma das mais antigas igrejas católicas da região de Chaves, em Trás-os-Montes. É um templo muito pequeno, situado no termo da freguesia de Valdanta, a cerca de dois quilómetros a sudoeste de Chaves, que ganhou a classificação de imóvel de interesse público. É pequena e acanhada, toda construída em granito. Julga-se que teve origem visigótica, mas o seu aspecto actual é românico. Mereceu especial atenção do viajante a traça muito simples e sóbria, apenas cortada na sua singeleza pelo arco da porta principal. Este arco, de volta inteira, como sempre nas igrejas românicas, tem três arquivoltas muito decoradas, apoiadas em colunas cujas bases e capitéis estão também ricamente trabalhados. Soube o viajante que na zona foram feitas escavações arqueológicas e que, po

Catedral de São Pedro, Roma

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Esta é daquelas visitas que podem significar muito ou nada. Para o turista de castelos e igrejas, é o maior templo cristão do mundo. É grande, de facto. E majestoso: mármores exuberantes, dimensões esmagadoras e estatuária de dignidade avassaladora. Porém, tudo visto, é mais uma igreja. Ou não. Noutra altura dará o viajante conta de como gostou do edifício, na sua dimensão e majestade. Desta vez, na visita, tinha o viajante na memória as palavras de um blogger discreto ( http://www.cronicasdaboavida.blogspot.com/ ), que dizia que “a 2 de Abril de 2005 morreu um dos Grandes do nosso tempo. Mudou o Mundo e o Mundo mudou com ele. Seguiu os passos de Cristo. Sempre. Totus Tuus.” Foi o viajante, como já bem se viu, à procura da memória de Karol Wojtila, que enquanto chefe da Igreja usou João Paulo II. Rapidamente concluiu que em Roma há mais japoneses do que peregrinos e mais turistas que crentes. A magnífica catedral está cheia de voyeurs de clichés, que vão para tirar fotografias. E o t

Praia do Bom Sucesso, Óbidos

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Está por pouco tempo esta praia ainda bastante preservada da selvajaria do turismo moderno. Em breve, várias urbanizações, já em construção, vão despejar aqui o chamado progresso dos guarda-sóis de praia, dos bares com música do Caribe e das loiraças nórdicas encharcadas de protector solar. Por isso, já não sobra muito tempo para que o viajante continue a imaginar por aqui a inspiração para a “ocidental praia”, de mar revoltado e céu brumoso, a que não falta, ao longe, a miragem da Berlenga, em dias mais claros. A Praia do Bom Sucesso, em rigor, fica apenas confinada à margem esquerda da Lagoa de Óbidos, entre a água da lagoa e o mar. Porém, onde ela acaba, começa uma das últimas linhas de falésia a que ainda se pode chamar esse nome, na costa portuguesa. Daqui, sem qualquer povoação ou empreendimento turístico, subsiste ainda uma linha de praia, a bordejar a arriba costeira calcária e por vezes o cordão dunar, ao longo de vários quilómetros. A este troço não pode aceder-se por estra